sábado, 8 de dezembro de 2018

TEATRO EM FRANCÊS: quando o meio não é a mensagem. (Org. Walter Lima Torres Neto). Curitiba: Editora da UFPR, 2018.

TEATRO EM FRANCÊS: quando o meio não é a mensagem. (Org. Walter Lima Torres Neto)

O teatro francês, mais especificamente a sua dramaturgia, está associado à fundação da língua francesa no Absolutismo. O idioma francês, que durante alguns séculos pavimentou diversos discursos fazendo sua volta ao mundo, foi e continua sendo hoje objeto de uma política de Estado. 
A ideia de uma “literatura-mundo” em francês, manifesta desde 2007 por diversos intelectuais, defende uma noção expandida da língua francesa que ultrapasse as fronteiras do Hexágono tricolor.
Os textos aqui reunidos abordam a trajetória do francês por meio da linguagem dramática e teatral explorando a forma como esse idioma ganhou tamanha ressonância. Devido à circulação e à difusão de uma cultura teatral e seus valores, que remontam ao imaginário do classicismo, a língua acabou por engravidar, em tempos de diáspora e globalização, uma fala polissêmica, mediada por novas ideologias e identidades.
Este livro reúne estudos sobre o pensamento criativo de Aimé Cesaire, Armand Gatti, Augusto Boal, Eugène Ionesco, Jean-Louis Barrault, Jean-Luc Lagarce, Joël Pommerat, Koffi Kwahulé, Louis Jouvet, Machado de Assis, Nelson Rodrigues, Noëlle Renaude, Philippe Myniana, Robert Lepage, Sony Labou Tansi, Stéphane Mallarmé, Valère Novarina, em consonância com elementos da cultura teatral brasileira e francesa.

domingo, 3 de junho de 2018

REVISTA CENA/ UFRGS: Chamada de artigos sobre as relações entre maio de 1968 e o teatro ontem e hoje...

Cena


Conceito Qualis-CAPES:
B1 ARTES/MÚSICA
B3 EDUCAÇÃO
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Notícias

 

Chamada para Dossiê: 50 ANOS DE MAIO DE 1968 E SUAS RELAÇÕES COM O TEATRO

 
Os acontecimentos de maio de 1968 na França se irradiaram pelo mundo afora e se configuraram, ao longo do tempo, como uma espécie de virada comportamental. Uma virada comportamental, em linhas gerais, sobretudo no tocante às relações entre o indivíduo e o coletivo, o trabalhador e o patronato, o poder do estado e a sociedade civil, o engajamento do corpo a despeito da palavra, no caso do teatro, enfim uma revolução no pensamento criativo e cultural da sociedade ocidental. Esse movimento de maio, iniciado pelos estudantes parisienses se contrapunha entre outros aspectos às opressões advindas das ideologias de uma sociedade industrial massiva. Reduto da utopia a própria forma do movimento ganharia contornos espetaculares.
Na tentativa de sondar o alcance desta irradiação nas artes da cena, seus efeitos pretéritos e presentes, em localidades tão distintas como a França, o Brasil, a América do Sul e a do Norte é que a Revista Cena do PPGAC da UFRGS está aceitando submissões de artigos para compor um dossiê dedicado a maio de 1968 e seus ecos na cena contemporânea, com especial destaque para colaborações que se detenham sobre: processos criativos; o trabalho do espectador; abordagens culturais; critica de espetáculos; apresentação e comentário de documentos de 1968; estudos comparativos de obras e autores; análises de coreografias, encenações, performances e happenings; estudos sobre companhias, coletivos, grupos e artistas; investigação sobre comportamentos criativos, entre outros aspectos da cultura teatral.
 
Publicado: 2018-05-30

REVISTA BRASILEIRA DE ESTUDOS DA PRESENÇA Brazilian Journal on Presence Studies AS ARTES DA CENA FACE AOS CONSERAVADORISMOS CHAMADA DE ARTIGOS

REVISTA BRASILEIRA DE ESTUDOS DA PRESENÇA
Brazilian Journal on Presence Studies

AS ARTES DA CENA FACE AOS CONSERAVADORISMOS
CHAMADA DE ARTIGOS

A Revista Brasileira de Estudos da Presença [Brazilian Journal on Presence
Studies], periódico eletrônico de acesso livre e revisão por pares, sem
taxas de submissão ou publicação, receberá até 31 de julho de 2018
artigos inéditos dentro do escopo do tema geral AS ARTES DA CENA FACE AOS
CONSERVADORISMOS. 

O conservadorismo político clássico, como reação à Revolução Francesa
– e tal como formulado por Edmund Burke, entre outros –, se opunha ao
liberalismo e a sua ideologia de progresso em nome da tradição. Naquele
momento, isso não significava apenas alguma coisa “a conservar”, mas
ali se impunha o fundamento vital de uma sociedade. 

O conservadorismo atual, que é preciso distinguir das ideologias
simplesmente reacionárias, não se define como oposição ao progressismo,
tampouco ao próprio liberalismo. Trata-se, antes, de um movimento que se
opõe a dimensões utópicas contidas na e orientadas pela égide da
mudança. Ao considerar que é menos o passado que se deve conservar do que
uma certa visão do presente, o conservadorismo contemporâneo coloca em
xeque a dimensão utópica – própria, por exemplo, da criação
artística desde o início do século XX. Aqui, a invenção do novo, como
prefiguração de um futuro, se define na descontinuidade radical em
relação ao passado. Esse elemento foi, inclusive, a base das vanguardas. 

Assim, estamos frente a um paradoxo: como reinventar uma arte utópica no
interior de configurações políticas marcadas pelo conservadorismo
neoliberal? O progressismo, da forma como ele é pensado pelo
neoliberalismo, está fundado sob a ideia de um futuro como simples
desenvolvimento do presente, como algo, em grande medida, previsível,
mensurável, calculável a partir de uma racionalização “científica”
do presente. Ora, se o objetivo da criação artística é a produção de
um olhar inédito e crítico sobre o presente, ela deve se fundar sobre uma
visão completamente diferente de futuro. Do ponto de vista da criação, o
futuro de modo algum é “previsível” ou dedutível, mas está, antes,
sempre por ser reinventado. Nessa condição, o futuro é um espaço de
possibilidades virtuais que podem ou não se realizar. Por isso,
perguntamos: como a criação nas artes da cena pode se dar face ao
conservadorismo neoliberal? 

Com efeito, defender hábitos e costumes tem se imposto como operação
recorrente e, sobretudo, como reação a um conjunto de ações artísticas
nos últimos anos. E isso não é um fenômeno local. Trata-se, talvez muito
mais, de uma onda globalizada e assumidamente orientada por grupos,
notadamente de direita, que procuram de forma mais ou menos articulada,
manter determinados preceitos que apenas aparentemente estavam já
superados. 

Várias são dimensões da cultura que atuam decisivamente na sustentação
e disseminação dos conservadorismos. A religião, por exemplo, assume aqui
papel fundamental – e isso não apenas em função das crenças que revela
e propaga. As redes sociais, por sua vez, aceleraram o ritmo em que
microfascismos, preconceitos e posições notadamente retrógradas se
espalham e convocam diferentes sujeitos a se posicionar. 

Entende-se, portanto que os conservadorismos não dizem respeito apenas a
posições individuais de determinados grupos. Eles se disseminam no tecido
social e se alinham confortavelmente a diversas promessas e à maquinaria
neoliberal. Na nova conjuntura do capital, o conhecimento tem uma direção
certa, qual seja, o mercado. Assim, conservadorismos, capital e conhecimento
jogam um jogo no qual os efeitos são, em particular, as desigualdades. 

Todo esse cenário global coopera para que uma determinada visão de mundo
se conserve, assegurando que determinados grupos mantenham o status social e
econômico que secularmente tiveram. Os efeitos dessa ligação entre
conservadorismo, conhecimento e capital não cessam de se expandir, mantendo
países e populações subalternas e pobres. 

Frente a um cenário tão problemático, qual seria o papel das artes da
cena? Diagnosticar, propor, questionar? Como a cena contemporânea tem
expresso tais paradoxos? Como a formação em artes da cena é uma
formação para um mundo em transição frente a tais conservadorismos? O
que resta a artistas e professores em seu papel social num mundo no qual o
conservadorismo emerge sob novas máscaras? 

Para essa problematização sobre As Artes da Cena Face aos
Conservadorismos, a Revista Brasileira de Estudos da Presença almeja
oferecer uma oportunidade para explorar o tema em diferentes perspectivas.
Os autores e as autoras podem elaborar ensaios teóricos, artigos
provenientes de pesquisas empíricas e/ou históricas sobre Artes da Cena e
suas distintas variações em relação a um ou mais dos seguintes tópicos:

•        Performance e conservadorismo
•        Conservadorismo e resistências nas artes da cena
•        As políticas da cena e a cena da política
•        Conservadorismo e formação em artes da cena
•        Performance: política, migrações e conservadorismo
•        História, memória e conservadorismo nas artes da cena
•        Performances e performatividades conservadoras
•        A performance contra o conservadorismo
•        A performance e as organizações sociais
•        Performance e movimentos sociais contra os conservadores
•        Preconceitos, fascismos e performance
•        Performance, relações étnico-raciais e conservadorismo, 
•        Práticas Cênicas, relações étnico-raciais e resistências
•        Mídias, performatividade, relações sociais e conservadorismos
•        Performances, diversidade e conservadorismo
•        Racismo e performance
•        Dramaturgias conservadoras e performances contemporâneas
•        Raça, gênero, religião, classe social e outros marcadores
performativos
•        Conservadorismo, performance e práticas decoloniais
•        Colonialismo, pós-colonialismo e práticas da cena contra os
conservadorismos

Assim, a Revista Brasileira de Estudos da Presença espera receber trabalhos
resultantes de pesquisas vinculadas conceitualmente ao campo da performance,
do teatro, da dança e de outras linguagens similares, dedicando especial
atenção àqueles que utilizam imagens e vídeos para desenvolver suas
discussões. Além disso, espera receber trabalhos de áreas imbricadas,
fronteiriças e que dialoguem com os termos em tela sob diferentes aspectos.
As submissões devem estar de acordo com os padrões do periódico e devem
ser postadas diretamente no sistema de submissão para seguir o processo
geral de avaliação do periódico. Para submeter um artigo a esta chamada,
é fundamental selecionar a seção correspondente (As Artes da Cena face
aos Conservadorismos). Lembramos que o periódico não cobra taxas de
submissão, nem de publicação e utiliza o sistema duplo-cego de revisão
por pares. O texto pode ser enviado em português, espanhol, inglês ou
francês e será publicado em duas línguas. Será solicitado aos autores
que enviarem textos em português ou espanhol (e àqueles lusófonos) que
enviem uma tradução em inglês. A revista providencia tradução para o
português de artigos enviados em inglês ou francês, desde que os autores
sejam nativos desses idiomas. Maiores informações podem ser encontradas em
nosso website, www.seer.ufrgs.br/presenca; nossas diretrizes podem ser
visualizadas em “Diretrizes para Autores”.